A Bíblia e seu contexto
Você já parou para pensar que tipo de livro é a Bíblia?
Quando a Rainha Elizabeth recebeu uma cópia da Bíblia, na cerimônia de sua coroação, ela ouviu as seguintes palavras: “Nós lhe apresentamos este Livro, a coisa mais preciosa que existe neste mundo. Aqui reside a sabedoria; esta é a lei real; estes são os oráculos vivos de Deus!”. Será que estas palavras retratam bem o tipo de livro que a Bíblia é, ou trata-se de um exagero? Será que um livro com mais de 2000 anos de idade tem qualquer serventia para nós, que vivemos no mundo moderno?
Na verdade, a Bíblia tem se revelado como fonte de Verdade durante toda a história humana. Podemos com certeza afirmar como o salmista e dizer que a Palavra de Deus tem sido o nosso “prazer e conselheiro” (Sl 119.24). A Bíblia possui grande importância para o homem moderno por causa do assunto que ela apresenta: o relato do relacionamento de um Deus Santo, Generoso e Todo-Poderoso com sua criação.
Para o cristão, a Bíblia representa a Palavra revelada de Deus. O Criador de todo o universo quis se revelar ao ser humano e, por isso, usou diferentes pessoas de diferentes épocas e culturas para expressar a Sua vontade. Este processo é chamado de REVELAÇÃO. Há dois tipos de revelação: a revelação geral e a revelação especial. Vejamos cada uma delas com maiores detalhes:
1. REVELAÇÃO GERAL
A Revelação Geral compreende, principalmente, o que se pode saber acerca de Deus por meio da natureza. Em diversas ocasiões, os salmistas estão sempre afirmando que as maravilhas da criação apontam para a glória de Deus. Por exemplo, o Sl 8.1 diz que Deus expôs nos céus a Sua majestade; o Sl 19 inicia afirmando: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. O apóstolo Paulo deixa isso mais claro em sua Carta aos Romanos, capítulo 1, quando nos diz que “o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles [entre os homens] porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidas por meio das coisas que foram criadas”[1].
2. REVELAÇÃO ESPECIAL
A Revelação Especial se relaciona com a Palavra de Deus registrada pelos homens, a Bíblia, e, especialmente, com a Pessoa de Jesus Cristo. O autor do livro de Hebreus afirma o seguinte a esse respeito: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele [Jesus] é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser (...)”[2].
Por essa razão, o cristão crê que Jesus foi a revelação máxima da divindade, e que, quando lê a Bíblia, Deus se revela a ele através da Sua Palavra, manifestando assim o seu eterno desejo de relacionar-se com o homem. Como disse Lutero: “nossa teologia vem da Cruz, a revelação máxima de Deus na história humana”. Sem a revelação de Deus, não podemos compreender a Palavra em sua inteireza.
Após essa breve introdução, iremos agora nos aprofundar no estudo da Bíblia, a revelação da vontade de Deus para a sua criação. Queremos reiterar nosso desejo de que você seja ricamente abençoado ao se aproximar, talvez pela primeira vez, da Palavra de Deus, que é sempre viva e eficaz!
A Bíblia: Aspectos Introdutórios
Vamos começar com uma pergunta: só encontramos palavras de Deus na Bíblia? Ou seja, existem outros escritos ou outras formas de manifestação com as quais possamos identificar a comunicação do Criador com a obra-prima da sua criação?
Como já vimos, por meio da revelação geral é possível ao ser humano atentar para a existência de Deus. Em Romanos 1:20, o apóstolo Paulo diz: “Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas...”. Como vimos antes, a obra do Criador é tão vasta e impossível de se delimitar, a ponto de não nos permitir negar a Sua autoria. Uma única questão demonstra o quão limitados somos em compreender o universo que o homem foi capaz de conhecer até hoje: “Onde termina o universo?” O homem não consegue entender o infinito e a eternidade, porque tudo que conhece está limitado ao espaço e ao tempo. Mesmo assim, contudo, por meio da criação de Deus é possível ao ser humano perceber a existência de seu Criador.
E quanto a outros textos? Na própria Bíblia encontramos evidências da manifestação de Deus através de outros escritos fora dela:
“A Biblia protestante cita outros 23 livros e a católica cita mais 8”[3], mencionando trechos de alguns deles. Em Números (Nm 21.14-15) existe uma citação do Livro das Guerras do Senhor: ¨Pelo que se diz no Livro das Guerras do Senhor: “Vaheb em Sufa e os vales do Arnon, e o declive dos vales que se estendem para os territórios de Ar, e se repousam sobre os confins dos moabitas”. É importante observar que o livro de Números, de onde retiramos a citação acima, foi escrito por volta do ano 1400/1500 a.C., isto é, considerando as divergências sobre a datação de alguns livros, cerca de 40 anos após a saída dos judeus do Egito. Em uma outra citação, conhecemos o Livro dos Justos: “... E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou dos seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos?... “ (Js. 10.13). Se Josué foi o autor desse livro, como cremos, deve ter sido escrito por volta do ano de 1390/1500 a. C.
Como a Bíblia cita tais livros e inclui porções destes em seu texto, como o Livro dos Justos citado acima, podemos levantar uma importante consideração: Será que o Deus eterno, que não está limitado ao tempo, somente falou aos antigos, durante um período de 1500 a.C. a 100 d.C. e depois se calou? Será que Ele ainda continua falando hoje?
Essa é uma questão que você deve encontrar resposta.
Uma volta no tempo.
Podemos somente especular que o período provável do nascimento de Abraão (Gn 11.26) tenha se dado por volta do ano 2000 (segundo o Dicionário Ilustrado da Bíblia) ou 2166 a.C., como cita a Bíblia de Estudo Vida. E como atribuímos a Moisés sua autoria, certamente o livro foi escrito entre 1380 e 1500 a.C., como os demais livros do Pentateuco.
Aqui surge duas questões importantes para nos situarmos no tempo e no espaço da narrativa bíblica:
a) Como Moisés pôde escrever sobre fatos acontecidos há cerca de 850 anos antes do seu nascimento, considerando a sua morte aos 120 anos, conforme Deuteronômio 34.7?
b) Como ainda não havia escrita nos primórdios da criação, como foram transmitidas essas informações até chegar a Moisés?
Segundo a Ciência, a terra tem de 4 a 5 bilhões de anos. Essa poderia ser a data da criação ou data do inicio da criação, se você considerar que os 7 dias da criação foram 7 períodos de tempo indeterminado, e não 7 períodos de 24 horas.
A escrita ainda não existia na época em que os fatos narrados aconteceram - provavelmente até Gênesis 3. As narrativas da criação do homem, as histórias sobre antepassados, os grandes feitos dos heróis e fatos interessantes na vida das pessoas, eram passados de geração em geração, contados entre famílias e na roda de bate-papo. Assim também foram transmitidos a fé na divindade e seus atos através dos povos e nações. Dessa forma, se preservaram os fatos narrados na Bíblia até o surgimento da escrita. A formação de um povo do interesse de Deus, desenvolvido em torno dos ensinamentos e direção do próprio Deus, foi fator primordial para a preservação das tradições que o povo judeu conservava cuidadosamente em seus cantos, poemas, salmos e narrativas que compõe o que chamamos de “tradição oral”.
Quando o homem começou a registrar os fatos a fim de preservá-los, “a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto significava o próprio objeto. O resultado era uma escrita complexa (havia pelo menos 2000 sinais) e seu uso era bastante complicado. Assim, os sinais tornaram-se gradativamente mais abstratos, tornando o processo de escrever mais objetivo. Finalmente, o sistema pictográfico evoluiu para uma forma escrita totalmente abstrata, composta de uma série de marcas na forma de cunhas e com um número muito menor de caracteres. Esta forma de escrita ficou conhecida como cuneiforme (do grego, em forma de cunha) e era escrita em tabletes de argila molhada”[4]. Este tipo de escrita foi criada há cerca de 6 mil anos na Mesopotâmia (atual Iraque).
A Arqueologia (ciência que estuda as antigas civilizações através de seus objetos e construções), nos informa que já existiam alguns escritos bíblicos provavelmente até 2 mil anos antes de Cristo. Os textos primitivos eram somente fragmentos. Serviam como um auxílio para a memória, e não eram propriamente livros completos. Mas a arte da escrita já era praticada no mundo antigo em torno do ano 3300 a.C., passando por aperfeiçoamentos até surgir um alfabeto escrito.
Na antiguidade os livros eram coleções de placas de metal, de madeira, de argila cozida, pedra, linho, de cascas de árvore ou de folhas. Com o tempo, passaram a ser feitos com o papiro (espécie de papel rudimentar, elaborado a partir da haste da planta papiro) ou o pergaminho (feito com pele de animais, principalmente carneiros e cabras) cujas “folhas” eram emendadas, formando tiras de até 50 metros ou costuradas formando um caderno. Os livros, então, eram copiados à mão, um por um, por isso o acesso a eles era dado a somente algumas pessoas. Assim, a cultura dos povos antigos não estava, baseada na palavra escrita. Os conhecimentos, as tradições, os costumes eram transmitidos oralmente através dos mestres, dos poetas e dos cantores, que recitavam de aldeia em aldeia os antigos poemas sobre os heróis e sobre os deuses. Tenha isso em mente quando você lê a sua Bíblia, especialmente o Antigo Testamento (escritos anteriores ao nascimento de Jesus, abrangendo um período de cerca de 4000 anos) considerando que os prováveis primeiros 300 anos iniciais ainda não havia escrita.
- Mas, se não mais existem os originais do texto bíblico, como posso ter certeza de que o que eu leio hoje em minha Bíblia trata-se de reprodução fiel da palavra de Deus?
A arqueologia vem nos auxiliando a compreender melhor a vida cotidiana dos povos que aparecem no contexto bíblico. “Graças a ela, agora sabemos que na época de Abraão (cerca de 2000 anos a.C.) existiam muitas cidades prósperas no Oriente... As escavações realizadas em Ur, no início do século passado (1922-1934), por Sir Charles Leonard Woolley revelaram que Abraão estava cercado pela idolatria quando Deus o chamou para dar início a um novo povo. (...) O trabalho arqueológico moderno está cada vez mais voltado para o texto bíblico. Intensos estudos em mais de 3000 textos gregos do Novo Testamento (escritos posteriores ao nascimento de Jesus, abrangendo um período de cerca de 100 anos), que datam do 2° século d.C em diante, demonstram que o texto que lemos hoje em nossas bíblias foi incrivelmente preservado desde aquela época. Nem ao menos uma de suas doutrinas foi alterada”[5].
Isto comprova que os textos bíblicos foram preservados com muito cuidado pelos escribas, que atuavam como copistas, revisores e mestres da Lei. Os mais respeitados iniciavam seus estudos aos 14 anos e ao concluírem seus estudos aos 40 anos, eram ordenados. Um dos grandes expoentes entre os escribas foi Esdras (cfr. Esdras 7.6). Como os originais foram escritos em materiais perecíveis, logo começaram a produzir cópias à mão dos originais, surgindo em Israel a profissão de copista das Escrituras.
“Os massarotes (senhores da tradição) eram copistas dedicados, que viveram entre os séculos IV a X antes de Cristo. Os seus textos copiados passaram a ter a designação de textos massoréticos. Quer estes, quer os escribas, que se lhes seguiram, eram profissionais muito dedicados. Na verdade, eles reverenciavam profundamente as palavras que copiavam, sendo extremamente meticulosos. Bem sabiam que não podiam acrescentar ou retirar qualquer pontuação ou letra ao texto sagrado, porque isso seria a negação da sua própria vida dedicada”[6].
Existem hoje, ainda preservados, cerca de 6000 (seis mil) manuscritos (cópias) das Escrituras Hebraicas, na íntegra ou em partes e 5000 (cinco mil) das Escrituras Cristãs, em grego.
Uma das descobertas mais recentes de manuscritos antigos foi iniciada em 1947. “Mohamed Adh-Dhib, um pastor de cabras, entra em uma gruta ao noroeste do Mar Morto, próximo às ruínas de Qumran e encontra grandes jarras de barro com um tesouro – cópias de vários livros do Antigo Testamento e outros escritos. (...) As buscas continuaram em 1952 e em 1956. Através de várias expedições arqueológicas conseguiram reunir mais de 800 manuscritos do Antigo Testamento (AT) e cerca de 600 outros manuscritos de literatura religiosa da época. (...) Segundo os estudos paleográficos e a análise posterior com carbono 14 estabeleceram que todos os manuscritos foram copiados entre o século III a.C. e o século I d.C”[7].
“Num estudo, religiosos de todo o mundo, compararam o 53º [qüinquagésimo terceiro] capítulo do rolo achado no mar Morto com o do texto massorético [copiado 1000 [mil] anos antes]; eis os resultados: Dentre as 166 [cento e sessenta e seis] palavras deste capítulo, há apenas 17 [dezessete] palavras em dúvida. Dez [10] simplesmente são uma questão de grafia, ou seja, não alteram o sentido; quatro [4] são mudanças estilísticas menores, tais como conjunções, isto é, só para enriquecer a leitura; as demais [três] letras dizem respeito à palavra "luz", que é acrescentada ao versículo 11 [onze] e não afeta muito o significado. Assim, em um capítulo de 166 palavras, há apenas uma palavra [três (3) letras] em dúvida, depois de 1000 (mil) anos [naquela época] de transmissão e esta palavra não altera significativamente o sentido da passagem”[8].
As línguas da Bíblia
O Antigo Testamento, num total de 39 livros (Bíblia protestante), foi escrito em hebraico, com exceção de algumas passagens em Esdras, Jeremias e Daniel que foram escritas em aramaico. Já o Novo Testamento, num total de 27 livos, foi escrito em grego, com exceção do evangelho de Mateus, escrito em aramaico.
A Bíblia da Igreja Católica contém 73 livros - 7 livros a mais que a Bíblia não católica. São estes: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida) e Baruc. Possui, ainda, adições nos livros de Ester e Daniel. A esses livros dá-se o nome de Deuterocanônicos, considerados apócrifos (não inspirados) por evangélicos e judeus, todos escritos em grego. A Igreja Católica Romana aprovou os livros apócrifos em 8 de abril de 1546. Nessa época, os protestantes opunham-se violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, citadas em alguns desses livros.
As divisões da Bíblia
Principais partes = Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). O volume do AT é 3 vezes maior que o do NT.
Livros = 66 livros; 39 no AT e 27 no NT. Na Bíblia Católica são 73 livros; 46 no AT e 27 no NT.
Capítulos = 1189, sendo 929 no AT e 260 no NT. Na Bíblia Católica são 1328 capítulos.
Versículos = 31173, sendo 23214 no AT e 7959 no NT. Na Bíblia Católica são 40030 versículos.
Fazem parte do AT os livros considerados inspirados, desde os dias de Moisés até o tempo de Jesus e fazem parte do NT os livros escritos após a ressurreição de Jesus, considerados inspirados ou canonizados.
Os judeus só utilizam o que chamamos de AT, cujos livros dividem a sua Bíblia em três partes, que designam pela sigla TANAK: o TORÁ (A Lei), NEBIIM (Os Profetas) e KETUBIM (Os Escritos).
Quem escreveu os originais
Toda a Bíblia foi escrita por cerca de 40 pessoas, envolvidos nas mais diferentes atividades. Entre estes escritores, podem ser citados: Moisés, um líder político com ótima educação; Pedro, um pescador; Amós, um boiadeiro; Neemias, um copeiro; Salomão, um rei; Daniel, um primeiro-ministro; Lucas, um médico; Paulo um rabino, dentre outros.
O AT foi escrito ao longo de “1000 ou mais anos”[9], e o NT por um período de cerca de mais ou menos 60 anos, segundo o já citado Dicionário Ilustrado da Bíblia (pág 207). Os escritores eram de origens, classes sociais e culturas diferentes (de humildes agricultores, pescadores até renomados reis) e em muitos casos, não tinham conhecimento do conteúdo dos demais livros e seus autores. “Devido a essas circunstâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, século depois um outro completava-o Tudo isto somando num livro puramente humano daria uma babel indecifrável! Imagine o que seria fisicamente a Bíblia, se não fosse a mão de Deus!”[10].
Por isso, podemos afirmar que a Bíblia é única. Além de seu estilo peculiar de escrita, a Bíblia sobreviveu durante incontáveis anos, sofrendo críticas e perseguições as mais variadas. Referindo-se à capacidade da Bíblia de sobreviver durante os séculos, Bernard Ramm afirmou: “por mais de mil vezes badalaram os sinos, anunciando a morte da Bíblia, formou-se o cortejo fúnebre, talhou-se a inscrição na lápide e fez-se a leitura da elegia fúnebre. Mas por alguma maneira o cadáver nunca permaneceu sepultado”[11].
Assim, embora escrita por diferentes pessoas no decorrer da história, Deus é o autor da Sua palavra. A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana!
Classificação divisão dos livros
Os livros da Bíblia são classificados por categorias, sem preservação da sua ordem cronológica.
Antigo Testamento – divide-se em cinco categorias de livros:
Pentateuco ou Lei, História, Poéticos e Sapienciais, Profecias (Profetas Maiores e Profetas Menores)
Novo Testamento – divide-se em quatro categorias de livros:
Evangelhos ou Biografia, Histórico, Cartas ou Epístolas (Paulinas e Gerais) e Revelação.
Em 1250 dC, o cardeal Caro (Hugo Saint Cher - abade dominicano) dividiu a Bíblia em capítulos; mais tarde, houve a divisão dos capítulos em versículos em duas etapas. Em 1445 d.C., Rabi Mardoqueu Nathan dividiu o Antigo Testamento; em 1551 d.C., Robert Stevens dividiu o Novo Testamento.
A Bíblia do século 21
A Nova Versão Internacional (NVI) da Bíblia está sendo apresentada como a mais recente tradução das Escrituras Sagradas em língua portuguesa a partir das línguas originais. Essa versão vem com medidas e pesos traduzidos do texto sagrado, levando em conta as diferenças culturais entre nós e o mundo bíblico. Por exemplo, o sistema métrico decimal foi utilizado para se expressar distâncias.
“Quanto ao texto original, a NVI baseou-se no trabalho erudito mais respeitado em todo o mundo na área da crítica textual, tanto no caso dos manuscritos hebraico e aramaico do Antigo Testamento como no caso dos manuscritos gregos do Novo Testamento.
À erudição representada pela Comissão da NVI, além da diversidade teológica e regional (de várias partes do Brasil), aliou-se o que há de mais elevado em pesquisas teológicas e lingüísticas disponíveis atualmente em hebraico, alemão, inglês, holandês, espanhol, italiano, francês e português. Dezenas de comentários, dicionários, obras de consulta e modernos softwares foram consultados durante o projeto. A diversidade do grupo de tradutores muito contribuiu para a qualidade da nova tradução. Formou-se uma comissão composta de tradutores brasileiros e estrangeiros (teólogos de vários países: EUA, Inglaterra, Holanda), três de seus membros residindo fora do Brasil (EUA, Israel e Portugal). Convém também ressaltar que dezenas de outras pessoas participaram no auxílio direto ou indireto ao projeto, nas mais diversas tarefas”[12].
Duas últimas curiosidades: a Bíblia foi o primeiro livro religioso a ser levado para o espaço (em forma de microfilme), e o mais longo telegrama do mundo foi o Novo Testamento, enviado de Nova Iorque a Chicago.
Diante de tudo o que já foi dito, fica uma primeira impressão: a Bíblia é o livro mais importante para a humanidade. Isto não é pretensão. Na verdade, pretensão seria, diante de tantas evidências do valor da Palavra de Deus, voltar-lhe as costas e não desejar aprender dela, ouvindo com atenção o que a Bíblia tem a nos dizer.
Por isso, nas próximas aulas iremos nos aprofundar no texto bíblico, tocando em dois assuntos principais: qual foi o critério para a escolha dos livros que compõe a Bíblia e qual o assunto de cada um dos livros do AT e do NT.