sexta-feira, 11 de abril de 2008

A Bíblia e seu contexto


Você já parou para pensar que tipo de livro é a Bíblia?

Quando a Rainha Elizabeth recebeu uma cópia da Bíblia, na cerimônia de sua coroação, ela ouviu as seguintes palavras: “Nós lhe apresentamos este Livro, a coisa mais preciosa que existe neste mundo. Aqui reside a sabedoria; esta é a lei real; estes são os oráculos vivos de Deus!”. Será que estas palavras retratam bem o tipo de livro que a Bíblia é, ou trata-se de um exagero? Será que um livro com mais de 2000 anos de idade tem qualquer serventia para nós, que vivemos no mundo moderno?

Na verdade, a Bíblia tem se revelado como fonte de Verdade durante toda a história humana. Podemos com certeza afirmar como o salmista e dizer que a Palavra de Deus tem sido o nosso “prazer e conselheiro” (Sl 119.24). A Bíblia possui grande importância para o homem moderno por causa do assunto que ela apresenta: o relato do relacionamento de um Deus Santo, Generoso e Todo-Poderoso com sua criação.

Para o cristão, a Bíblia representa a Palavra revelada de Deus. O Criador de todo o universo quis se revelar ao ser humano e, por isso, usou diferentes pessoas de diferentes épocas e culturas para expressar a Sua vontade. Este processo é chamado de REVELAÇÃO. Há dois tipos de revelação: a revelação geral e a revelação especial. Vejamos cada uma delas com maiores detalhes:

1. REVELAÇÃO GERAL

A Revelação Geral compreende, principalmente, o que se pode saber acerca de Deus por meio da natureza. Em diversas ocasiões, os salmistas estão sempre afirmando que as maravilhas da criação apontam para a glória de Deus. Por exemplo, o Sl 8.1 diz que Deus expôs nos céus a Sua majestade; o Sl 19 inicia afirmando: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”. O apóstolo Paulo deixa isso mais claro em sua Carta aos Romanos, capítulo 1, quando nos diz que “o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles [entre os homens] porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidas por meio das coisas que foram criadas.

2. REVELAÇÃO ESPECIAL

A Revelação Especial se relaciona com a Palavra de Deus registrada pelos homens, a Bíblia, e, especialmente, com a Pessoa de Jesus Cristo. O autor do livro de Hebreus afirma o seguinte a esse respeito: “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele [Jesus] é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser (...)”.

Por essa razão, o cristão crê que Jesus foi a revelação máxima da divindade, e que, quando lê a Bíblia, Deus se revela a ele através da Sua Palavra, manifestando assim o seu eterno desejo de relacionar-se com o homem. Como disse Lutero: “nossa teologia vem da Cruz, a revelação máxima de Deus na história humana”. Sem a revelação de Deus, não podemos compreender a Palavra em sua inteireza.

Após essa breve introdução, iremos agora nos aprofundar no estudo da Bíblia, a revelação da vontade de Deus para a sua criação. Queremos reiterar nosso desejo de que você seja ricamente abençoado ao se aproximar, talvez pela primeira vez, da Palavra de Deus, que é sempre viva e eficaz!

A Bíblia: Aspectos Introdutórios

Vamos começar com uma pergunta: só encontramos palavras de Deus na Bíblia? Ou seja, existem outros escritos ou outras formas de manifestação com as quais possamos identificar a comunicação do Criador com a obra-prima da sua criação?

Como já vimos, por meio da revelação geral é possível ao ser humano atentar para a existência de Deus. Em Romanos 1:20, o apóstolo Paulo diz: “Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas...”. Como vimos antes, a obra do Criador é tão vasta e impossível de se delimitar, a ponto de não nos permitir negar a Sua autoria. Uma única questão demonstra o quão limitados somos em compreender o universo que o homem foi capaz de conhecer até hoje: “Onde termina o universo?” O homem não consegue entender o infinito e a eternidade, porque tudo que conhece está limitado ao espaço e ao tempo. Mesmo assim, contudo, por meio da criação de Deus é possível ao ser humano perceber a existência de seu Criador.

E quanto a outros textos? Na própria Bíblia encontramos evidências da manifestação de Deus através de outros escritos fora dela:

“A Biblia protestante cita outros 23 livros e a católica cita mais 8”, mencionando trechos de alguns deles. Em Números (Nm 21.14-15) existe uma citação do Livro das Guerras do Senhor: ¨Pelo que se diz no Livro das Guerras do Senhor: “Vaheb em Sufa e os vales do Arnon, e o declive dos vales que se estendem para os territórios de Ar, e se repousam sobre os confins dos moabitas”. É importante observar que o livro de Números, de onde retiramos a citação acima, foi escrito por volta do ano 1400/1500 a.C., isto é, considerando as divergências sobre a datação de alguns livros, cerca de 40 anos após a saída dos judeus do Egito. Em uma outra citação, conhecemos o Livro dos Justos: “... E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou dos seus inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos?... “ (Js. 10.13). Se Josué foi o autor desse livro, como cremos, deve ter sido escrito por volta do ano de 1390/1500 a. C.

Como a Bíblia cita tais livros e inclui porções destes em seu texto, como o Livro dos Justos citado acima, podemos levantar uma importante consideração: Será que o Deus eterno, que não está limitado ao tempo, somente falou aos antigos, durante um período de 1500 a.C. a 100 d.C. e depois se calou? Será que Ele ainda continua falando hoje?

Essa é uma questão que você deve encontrar resposta.

Uma volta no tempo.

Podemos somente especular que o período provável do nascimento de Abraão (Gn 11.26) tenha se dado por volta do ano 2000 (segundo o Dicionário Ilustrado da Bíblia) ou 2166 a.C., como cita a Bíblia de Estudo Vida. E como atribuímos a Moisés sua autoria, certamente o livro foi escrito entre 1380 e 1500 a.C., como os demais livros do Pentateuco.

Aqui surge duas questões importantes para nos situarmos no tempo e no espaço da narrativa bíblica:

a) Como Moisés pôde escrever sobre fatos acontecidos há cerca de 850 anos antes do seu nascimento, considerando a sua morte aos 120 anos, conforme Deuteronômio 34.7?

b) Como ainda não havia escrita nos primórdios da criação, como foram transmitidas essas informações até chegar a Moisés?

Segundo a Ciência, a terra tem de 4 a 5 bilhões de anos. Essa poderia ser a data da criação ou data do inicio da criação, se você considerar que os 7 dias da criação foram 7 períodos de tempo indeterminado, e não 7 períodos de 24 horas.

A escrita ainda não existia na época em que os fatos narrados aconteceram - provavelmente até Gênesis 3. As narrativas da criação do homem, as histórias sobre antepassados, os grandes feitos dos heróis e fatos interessantes na vida das pessoas, eram passados de geração em geração, contados entre famílias e na roda de bate-papo. Assim também foram transmitidos a fé na divindade e seus atos através dos povos e nações. Dessa forma, se preservaram os fatos narrados na Bíblia até o surgimento da escrita. A formação de um povo do interesse de Deus, desenvolvido em torno dos ensinamentos e direção do próprio Deus, foi fator primordial para a preservação das tradições que o povo judeu conservava cuidadosamente em seus cantos, poemas, salmos e narrativas que compõe o que chamamos de “tradição oral”.

Quando o homem começou a registrar os fatos a fim de preservá-los, “a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto significava o próprio objeto. O resultado era uma escrita complexa (havia pelo menos 2000 sinais) e seu uso era bastante complicado. Assim, os sinais tornaram-se gradativamente mais abstratos, tornando o processo de escrever mais objetivo. Finalmente, o sistema pictográfico evoluiu para uma forma escrita totalmente abstrata, composta de uma série de marcas na forma de cunhas e com um número muito menor de caracteres. Esta forma de escrita ficou conhecida como cuneiforme (do grego, em forma de cunha) e era escrita em tabletes de argila molhada”. Este tipo de escrita foi criada há cerca de 6 mil anos na Mesopotâmia (atual Iraque).

A Arqueologia (ciência que estuda as antigas civilizações através de seus objetos e construções), nos informa que já existiam alguns escritos bíblicos provavelmente até 2 mil anos antes de Cristo. Os textos primitivos eram somente fragmentos. Serviam como um auxílio para a memória, e não eram propriamente livros completos. Mas a arte da escrita já era praticada no mundo antigo em torno do ano 3300 a.C., passando por aperfeiçoamentos até surgir um alfabeto escrito.

Na antiguidade os livros eram coleções de placas de metal, de madeira, de argila cozida, pedra, linho, de cascas de árvore ou de folhas. Com o tempo, passaram a ser feitos com o papiro (espécie de papel rudimentar, elaborado a partir da haste da planta papiro) ou o pergaminho (feito com pele de animais, principalmente carneiros e cabras) cujas “folhas” eram emendadas, formando tiras de até 50 metros ou costuradas formando um caderno. Os livros, então, eram copiados à mão, um por um, por isso o acesso a eles era dado a somente algumas pessoas. Assim, a cultura dos povos antigos não estava, baseada na palavra escrita. Os conhecimentos, as tradições, os costumes eram transmitidos oralmente através dos mestres, dos poetas e dos cantores, que recitavam de aldeia em aldeia os antigos poemas sobre os heróis e sobre os deuses. Tenha isso em mente quando você lê a sua Bíblia, especialmente o Antigo Testamento (escritos anteriores ao nascimento de Jesus, abrangendo um período de cerca de 4000 anos) considerando que os prováveis primeiros 300 anos iniciais ainda não havia escrita.

- Mas, se não mais existem os originais do texto bíblico, como posso ter certeza de que o que eu leio hoje em minha Bíblia trata-se de reprodução fiel da palavra de Deus?

A arqueologia vem nos auxiliando a compreender melhor a vida cotidiana dos povos que aparecem no contexto bíblico. “Graças a ela, agora sabemos que na época de Abraão (cerca de 2000 anos a.C.) existiam muitas cidades prósperas no Oriente... As escavações realizadas em Ur, no início do século passado (1922-1934), por Sir Charles Leonard Woolley revelaram que Abraão estava cercado pela idolatria quando Deus o chamou para dar início a um novo povo. (...) O trabalho arqueológico moderno está cada vez mais voltado para o texto bíblico. Intensos estudos em mais de 3000 textos gregos do Novo Testamento (escritos posteriores ao nascimento de Jesus, abrangendo um período de cerca de 100 anos), que datam do 2° século d.C em diante, demonstram que o texto que lemos hoje em nossas bíblias foi incrivelmente preservado desde aquela época. Nem ao menos uma de suas doutrinas foi alterada”.

Isto comprova que os textos bíblicos foram preservados com muito cuidado pelos escribas, que atuavam como copistas, revisores e mestres da Lei. Os mais respeitados iniciavam seus estudos aos 14 anos e ao concluírem seus estudos aos 40 anos, eram ordenados. Um dos grandes expoentes entre os escribas foi Esdras (cfr. Esdras 7.6). Como os originais foram escritos em materiais perecíveis, logo começaram a produzir cópias à mão dos originais, surgindo em Israel a profissão de copista das Escrituras.

“Os massarotes (senhores da tradição) eram copistas dedicados, que viveram entre os séculos IV a X antes de Cristo. Os seus textos copiados passaram a ter a designação de textos massoréticos. Quer estes, quer os escribas, que se lhes seguiram, eram profissionais muito dedicados. Na verdade, eles reverenciavam profundamente as palavras que copiavam, sendo extremamente meticulosos. Bem sabiam que não podiam acrescentar ou retirar qualquer pontuação ou letra ao texto sagrado, porque isso seria a negação da sua própria vida dedicada”.

Existem hoje, ainda preservados, cerca de 6000 (seis mil) manuscritos (cópias) das Escrituras Hebraicas, na íntegra ou em partes e 5000 (cinco mil) das Escrituras Cristãs, em grego.

Uma das descobertas mais recentes de manuscritos antigos foi iniciada em 1947. “Mohamed Adh-Dhib, um pastor de cabras, entra em uma gruta ao noroeste do Mar Morto, próximo às ruínas de Qumran e encontra grandes jarras de barro com um tesouro – cópias de vários livros do Antigo Testamento e outros escritos. (...) As buscas continuaram em 1952 e em 1956. Através de várias expedições arqueológicas conseguiram reunir mais de 800 manuscritos do Antigo Testamento (AT) e cerca de 600 outros manuscritos de literatura religiosa da época. (...) Segundo os estudos paleográficos e a análise posterior com carbono 14 estabeleceram que todos os manuscritos foram copiados entre o século III a.C. e o século I d.C”.

“Num estudo, religiosos de todo o mundo, compararam o 53º [qüinquagésimo terceiro] capítulo do rolo achado no mar Morto com o do texto massorético [copiado 1000 [mil] anos antes]; eis os resultados: Dentre as 166 [cento e sessenta e seis] palavras deste capítulo, há apenas 17 [dezessete] palavras em dúvida. Dez [10] simplesmente são uma questão de grafia, ou seja, não alteram o sentido; quatro [4] são mudanças estilísticas menores, tais como conjunções, isto é, só para enriquecer a leitura; as demais [três] letras dizem respeito à palavra "luz", que é acrescentada ao versículo 11 [onze] e não afeta muito o significado. Assim, em um capítulo de 166 palavras, há apenas uma palavra [três (3) letras] em dúvida, depois de 1000 (mil) anos [naquela época] de transmissão e esta palavra não altera significativamente o sentido da passagem”.

As línguas da Bíblia

O Antigo Testamento, num total de 39 livros (Bíblia protestante), foi escrito em hebraico, com exceção de algumas passagens em Esdras, Jeremias e Daniel que foram escritas em aramaico. Já o Novo Testamento, num total de 27 livos, foi escrito em grego, com exceção do evangelho de Mateus, escrito em aramaico.

A Bíblia da Igreja Católica contém 73 livros - 7 livros a mais que a Bíblia não católica. São estes: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida) e Baruc. Possui, ainda, adições nos livros de Ester e Daniel. A esses livros dá-se o nome de Deuterocanônicos, considerados apócrifos (não inspirados) por evangélicos e judeus, todos escritos em grego. A Igreja Católica Romana aprovou os livros apócrifos em 8 de abril de 1546. Nessa época, os protestantes opunham-se violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, citadas em alguns desses livros.

As divisões da Bíblia


Principais partes = Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). O volume do AT é 3 vezes maior que o do NT.

Livros = 66 livros; 39 no AT e 27 no NT. Na Bíblia Católica são 73 livros; 46 no AT e 27 no NT.

Capítulos = 1189, sendo 929 no AT e 260 no NT. Na Bíblia Católica são 1328 capítulos.

Versículos = 31173, sendo 23214 no AT e 7959 no NT. Na Bíblia Católica são 40030 versículos.


Fazem parte do AT os livros considerados inspirados, desde os dias de Moisés até o tempo de Jesus e fazem parte do NT os livros escritos após a ressurreição de Jesus, considerados inspirados ou canonizados.

Os judeus só utilizam o que chamamos de AT, cujos livros dividem a sua Bíblia em três partes, que designam pela sigla TANAK: o TORÁ (A Lei), NEBIIM (Os Profetas) e KETUBIM (Os Escritos).

Quem escreveu os originais

Toda a Bíblia foi escrita por cerca de 40 pessoas, envolvidos nas mais diferentes atividades. Entre estes escritores, podem ser citados: Moisés, um líder político com ótima educação; Pedro, um pescador; Amós, um boiadeiro; Neemias, um copeiro; Salomão, um rei; Daniel, um primeiro-ministro; Lucas, um médico; Paulo um rabino, dentre outros.

O AT foi escrito ao longo de “1000 ou mais anos”, e o NT por um período de cerca de mais ou menos 60 anos, segundo o já citado Dicionário Ilustrado da Bíblia (pág 207). Os escritores eram de origens, classes sociais e culturas diferentes (de humildes agricultores, pescadores até renomados reis) e em muitos casos, não tinham conhecimento do conteúdo dos demais livros e seus autores. “Devido a essas circunstâncias, em muitos casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes um escritor iniciava um assunto e, século depois um outro completava-o Tudo isto somando num livro puramente humano daria uma babel indecifrável! Imagine o que seria fisicamente a Bíblia, se não fosse a mão de Deus!”.

Por isso, podemos afirmar que a Bíblia é única. Além de seu estilo peculiar de escrita, a Bíblia sobreviveu durante incontáveis anos, sofrendo críticas e perseguições as mais variadas. Referindo-se à capacidade da Bíblia de sobreviver durante os séculos, Bernard Ramm afirmou: “por mais de mil vezes badalaram os sinos, anunciando a morte da Bíblia, formou-se o cortejo fúnebre, talhou-se a inscrição na lápide e fez-se a leitura da elegia fúnebre. Mas por alguma maneira o cadáver nunca permaneceu sepultado”.

Assim, embora escrita por diferentes pessoas no decorrer da história, Deus é o autor da Sua palavra. A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana!

Classificação divisão dos livros

Os livros da Bíblia são classificados por categorias, sem preservação da sua ordem cronológica.


Antigo Testamento – divide-se em cinco categorias de livros:

Pentateuco ou Lei, História, Poéticos e Sapienciais, Profecias (Profetas Maiores e Profetas Menores)

Novo Testamento – divide-se em quatro categorias de livros:

Evangelhos ou Biografia, Histórico, Cartas ou Epístolas (Paulinas e Gerais) e Revelação.


Em 1250 dC, o cardeal Caro (Hugo Saint Cher - abade dominicano) dividiu a Bíblia em capítulos; mais tarde, houve a divisão dos capítulos em versículos em duas etapas. Em 1445 d.C., Rabi Mardoqueu Nathan dividiu o Antigo Testamento; em 1551 d.C., Robert Stevens dividiu o Novo Testamento.

A Bíblia do século 21

A Nova Versão Internacional (NVI) da Bíblia está sendo apresentada como a mais recente tradução das Escrituras Sagradas em língua portuguesa a partir das línguas originais. Essa versão vem com medidas e pesos traduzidos do texto sagrado, levando em conta as diferenças culturais entre nós e o mundo bíblico. Por exemplo, o sistema métrico decimal foi utilizado para se expressar distâncias.

“Quanto ao texto original, a NVI baseou-se no trabalho erudito mais respeitado em todo o mundo na área da crítica textual, tanto no caso dos manuscritos hebraico e aramaico do Antigo Testamento como no caso dos manuscritos gregos do Novo Testamento.

À erudição representada pela Comissão da NVI, além da diversidade teológica e regional (de várias partes do Brasil), aliou-se o que há de mais elevado em pesquisas teológicas e lingüísticas disponíveis atualmente em hebraico, alemão, inglês, holandês, espanhol, italiano, francês e português. Dezenas de comentários, dicionários, obras de consulta e modernos softwares foram consultados durante o projeto. A diversidade do grupo de tradutores muito contribuiu para a qualidade da nova tradução. Formou-se uma comissão composta de tradutores brasileiros e estrangeiros (teólogos de vários países: EUA, Inglaterra, Holanda), três de seus membros residindo fora do Brasil (EUA, Israel e Portugal). Convém também ressaltar que dezenas de outras pessoas participaram no auxílio direto ou indireto ao projeto, nas mais diversas tarefas”.

Duas últimas curiosidades: a Bíblia foi o primeiro livro religioso a ser levado para o espaço (em forma de microfilme), e o mais longo telegrama do mundo foi o Novo Testamento, enviado de Nova Iorque a Chicago.

Diante de tudo o que já foi dito, fica uma primeira impressão: a Bíblia é o livro mais importante para a humanidade. Isto não é pretensão. Na verdade, pretensão seria, diante de tantas evidências do valor da Palavra de Deus, voltar-lhe as costas e não desejar aprender dela, ouvindo com atenção o que a Bíblia tem a nos dizer.

Por isso, nas próximas aulas iremos nos aprofundar no texto bíblico, tocando em dois assuntos principais: qual foi o critério para a escolha dos livros que compõe a Bíblia e qual o assunto de cada um dos livros do AT e do NT.

Que o Senhor de abençoe e te guarde!

_____ _____***___________

A Bíblia está dividida em 2 grandes partes, como já vimos na lição anterior: AT e NT. O livros do AT foram escritos em hebraico, exceto algumas poucas passagens que foram escritas em aramaico, ao longo de aproximadamente 1000 anos e os do NT foram escritos em grego, por um período de +/- 60 anos.

Os escritos utilizados por Jesus como Escrituras foram os livros do AT (Antigo Testamento) hebraico. Segundo o relato bíblico, Ele não deixou nenhuma orientação para que os discípulos escrevessem algo para ser utilizado como escrituras sagradas, além do AT.

Após a ressurreição do Senhor e a morte dos apóstolos, os cristão primitivos continuavam a utilizar o AT, mas fazendo uma leitura baseada em Jesus. Também utilizavam os escritos sobre os feitos e a reprodução das palavras do Mestre que já circulavam entre as igreja desde o final do séc 1 início de séc. 2

Vários outros escritos também circulavam, sem contudo receberem o crédito dos judeus e cristãos primitivos porque não os consideravam inspirados. Eles foram escritos de 190 a.C. (antes de Cristo) a 210 d.C. (depois de Cristo)

“Os textos que fazem parte da bíblia de hoje, já estavam prontos no ano 100, mas não existia uma bíblia única cristã. Se alguém procurasse uma bíblia para comprar na Europa ou qualquer outro lugar do mundo, nos séculos I e II não acharia nenhuma à venda”.

Uma proposta de cânon do NT apareceu no século IV e supostamente datava do século II. Não listava como canônicos os livros Apocalipse, II Pedro, II e III João e Judas. O Cânon Muratori não cita a Epístola aos Hebreus como livro canônico. Por outro lado este mesmo Cânon cita como canônico, o livro O Pastor de Hermas e o livro "Sabedoria".

Na Europa católica, o Concílio de Florença em 1442 manteve esta mesma bíblia, com 76 livros. O Concílio de Trento, no século seguinte, reduziu a 73 livros, retirando do cânon livros que condenassem explicitamente orações para os mortos. Ao mesmo tempo o mesmo Concílio manteve II Macabeus que apoia rezas pelos mortos, decisão ainda mantida até hoje pela Igreja Católica. No Concílio de Jerusalém em 1672, a Igreja Ortodoxa Grega reduziu a sua bíblia para 70 livros.

No século XVIII, as várias denominações protestantes concordaram que a bíblia deveria ter 66 livros. Todas estas decisões quanto ao cânon bíblico foram tomadas por pessoas, em concílios. Tudo por decisão humana. Nem preciso dizer que cristãos etíopes tem, desde o século I, seus próprios escritos sagrados.

Quanto ao Antigo Testamento, as denominações protestantes decidiram adotar o mesmo cânon estabelecido pelo Sínodo judaico de Jamnia em 100 D.C. Este Sínodo judaico não teve a presença de nenhum cristão das várias correntes de cristianismo, que já existiam no ano 100 D.C. Foram rejeitados como apócrifos os livros escritos após 300 A.C. ou que não tivessem sido escritos originalmente em hebraico ou escritos fora da Palestina. Mas, os judeus até o citado Sínodo de Jamnia, usavam uma variedade de textos canônicos.”

Cânon, Canonização, livros Canônicos. Afinal, o que é isso?

Por que os livros da Bíblia são considerados canônicos, isto é, sagrados e inspirados por Deus? Por que temos, na Bíblia, um apocalipse de João, mas um outro apocalipse (supostamente escrito por Pedro) foi deixado de fora no cânon? Será que existe algum critério para julgar estes livros, através do qual eles foram classificados em canônicos ou “apócrifos”?

Antes de continuar, vejamos alguns conceitos:

§ CÂNON significa junco (vara usada para medir) = medida, regra.

§ No caso cristão, cânon significa “regra de fé”, ou seja, um catálogo de livros considerados sagrados.

§ Os livros que não foram considerados canônicos são chamados apócrifos ou dêutero-canônicos, isto é, de “outro cânon”. Não pertencem a nenhum cânon cristão atual, seja protestante ou católico.

§ Também existem os pseudo-epígrafos (título falso) - livros com o nome de um autor que, na verdade, não os escreveu.

§ Alguns exemplos:

a) Oração de Manassés b) Carta de Jeremias c) Ascensão de Moisés d) Livro de Enoque

e) Apocalipse de Isaías f) Apocalipse de Pedro g) II Carta aos Romanos h) Evangelho de Adão e Eva (Tábuas de Eva)

i) Evangelho da Infância de Jesus j) Pastor de Hermas l) Epístola de Clemente m) As Sete Epístolas de Inácio ... e muitos outros.

Todos estes livros estiveram presentes na vida da igreja cristã dos primeiros séculos. Entretanto, eles não alcançaram o “status” de canônicos. Por quê?

Antes de responder, é preciso ressaltar um fato: estes livros, apesar de não possuírem importância teológica (pelo menos, no mesmo nível que os livros canônicos), são muito válidos para se conhecer a cultura, história e valores dos povos da antiguidade. Por exemplo, I e II Macabeus (livros apócrifos) são extremamente importantes para se conhecer a história do povo judeu. Escrito no século I AC, os livros descrevem as façanhas dos três irmãos macabeus – Judas, Jonatã e Simão – em suas lutas e revoltas em favor do povo judeu. Historicamente, portanto, alguns destes livros valem a pena serem estudados.

Também é importante fazer uma pergunta, antes de continuar: por que houve essa necessidade de se definir o cânon da Igreja? Existem pelo menos três razões para isso:

  1. Surgimento de “cânons particulares” – Marcião (que viveu por volta do ano 140 AD) desenvolveu seu próprio cânon e começou a divulgá-lo. Por isso, a Igreja precisava decidir qual era o verdadeiro cânon das Escrituras.
  2. Livros com ensinamentos contrários à fé cristã – O uso de livros que continham outro fundamento que não a “doutrina dos apóstolos” estava causando grandes males entre as igrejas nascentes, distorcendo a fé em Cristo.
  3. Perseguição e martírio – No ano de 303 AD, o imperador Diocleciano decretou a destruição dos livros sagrados dos cristão. Com isso, surgiu a pergunta: quais livros eram realmente sagrados? Por quais livros valia a pena morrer?

Fatores determinantes na canonização dos livros da Bíblia

Existem alguns critérios que levaram a Igreja Primitiva a aceitar ou rejeitar determinado livro. De uma maneira muito geral, estes critérios podem ser assim resumidos:

  1. O livro deveria ser claramente inspirado por Deus e escrito por pessoas “comissionadas” por Deus para isso. No caso do Antigo Testamento, havia a prova do profeta: o autor teria que ser comprovado como profeta de Javé. Já no caso do Novo Testamento, o principal teste da inspiração foi a apostolicidade, isto é, o livro deveria ser relacionado diretamente aos apóstolos. O livro tinha que ser necessariamente escrito por um apóstolo, mas teria que receber a aprovação apostólica. Para a igreja primitiva, é claro que só existe uma única autoridade absoluta: a autoridade de Jesus Cristo.
  2. No caso dos livros do Antigo Testamento, o livro teria que ser escrito em hebraico (é por isso que a versão grega do AT, encomendada por Ptolomeu para a biblioteca de Alexandria, não era considerada sagrada pelos judeus).
  3. O livro deveria ser aceito pela comunidade cristã, e sua linguagem e estilo literário não poderia ser artificiais e destoar do restante das Escrituras. Também não poderia conter ensinamentos doutrinários opostos aos presentes no restante da Bíblia.
  4. Historicamente, estes livros foram rejeitados pelos concílios da igreja, nos primeiros 4 séc. da Era Cristã. Eles apresentam grandes diferenças em relação às doutrinas centrais da fé cristã, que estão claramente demonstradas nos livros canônicos.

Critério para a Escolha dos livros que compõe a Bíblia.

A palavra Testamento vem do latim testamentum, e no contexto bíblico quer dizer “Aliança”. Sendo assim, podemos perfeitamente substituir a palavra “testamento” pelo termo “aliança”, dividindo a Bíblia em duas partes: a Antiga e a Nova Aliança.

Como informamos na lição 1, a Bíblia Católica é composta por 73 livros; 46 no AT e 27 no NT, já a Bíblia protestante é composta por 66 livros (39 no AT e 27 no NT). Os 66 Livros não estão seqüenciados em ordem cronológica, mas sim de forma temática.

Os 7 livros a mais da Bíblia católica, são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácida) e Baruc. Possui, ainda, adições nos livros de Ester e Daniel. A esses livros dá-se o nome de Deuterocanônicos, considerados apócrifos (não inspirados) por evangélicos e judeus, todos escritos em grego.

A Igreja Católica Romana aprovou os livros apócrifos em 8 de abril de 1546. Nessa época, os protestantes opunham-se violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, citadas em alguns desses livros.

Além desses, existem uma infinidade de outros livros que também foram considerados apócrifos tanto por evangélicos e judeus quanto por católicos. Aqui estão alguns deles, estando incluídos alguns pseudo-epígrafos e os Deuterocanônicos:

Antigo Testamento

Estes livros não faziam parte do cânone hebraico, mas eram aceitos pelos judeus de Alexandria que liam o grego. Alguns deles são citados no Talmude.

III Esdras - Relata fatos históricos desde o tempo de Josias até Esdras, sendo a maior parte da matéria tirada dos livros das Crônicas, de Esdras, e de Neemias. Foi escrito no século I aC.
IV Esdras - Série de visões e profecias, especialmente apocalípticas, que alegadamente Esdras teria anunciado.
Tobias - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta a justificação pelas obras (4.7-11;12.8), a mediação dos santos (12.12), superstições (6.5, 7.9,19) e um anjo engana Tobias e o ensina a mentir (5.16-19).
Judite - História da libertação de judeus do poder do general persa Holofernes, realçando a coragem da heroína Judite, viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
Ester - Capítulos adicionados ao livro canônico de Ester, do século II aC.
Sabedoria - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo ( filosofia grega na era cristã). Apresenta o corpo como prisão da alma (9.15), a doutrina sobre a origem e o destino da alma (8.19 e 20) e a salvação pela sabedoria (9.19), todas contrárias à Bíblia.
Eclesiástico - Ou "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque". Coleção de ditados prudentes e judiciosos, semelhante ao livro dos Provérbios. Apresenta, todavia, a justificação pelas obras (3.33,34), o trato cruel aos escravos (33.26 e 30; 42.1 e 5) e incentiva o ódio aos samaritanos (50.27, 28)
Baruque - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Tem, entre outras doutrinas, a intercessão pelos mortos (3.4)
II Daniel - Aditamento ao livro de Daniel, com "cântico dos três jovens" (o cântico dos três jovens na fornalha), "história de Susana" (representando Daniel como justo juiz, em que segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseados em falsos testemunhos), "Bel e Dragão" (conta histórias sobre a necessidade da idolatria).
Manasses - Oração de Manassés, rei de Judá, no seu cativeiro da Babilónia.
I Macabeus - Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período interbíblico (400aC.-3dC) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e da sua terra.
II Macabeus - Não é a continuação de I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu. Apresenta a oração pelos mortos; culto e missa pelos mortos; intercessão pelos santos e o próprio autor não se julga inspirado.
III Macabeus - História fictícia de 217aC, enunciando as relações do rei egípcio Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina e Alexandria.
IV Macabeus - Ensaio homilético, feito por um judeu de Alexandria, conhecedor da escola estóica sobre II Macabeus.
Livros dos Jubileus - Ou "Pequeno Génesis", tratando de particularidades do Génesis duma forma imaginária e legendária, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C.
Testamento dos 12 Patriarcas - Livro de modelo de ensino moral.

Livros apócrifos do Novo Testamento

Sob este nome são algumas vezes reunidos vários escritos cristãos de data primitiva, que pretendem dar novas informações acerca de Jesus Cristo e seus apóstolos, ou novas instruções sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristãos.

"Evangelhos"
Evangelho segundo os Hebreus;
Evangelho dos Egípcios;
Evangelho dos Ebionitas;
Evangelho de Pedro;
Protoevangelho de Tiago;
Evangelho de Tomé;
Evangelho de Filipe;
Evangelho de Bartomeu;
Evangelho de Nicodemos;
Evangelho de Gamaliel;
Evangelho da Verdade

Epístolas
I Clemente,
As Sete Epístolas de Inácio;
Aos Magnésios;
Aos Trálios,
Aos Filadélfios,
Aos Esmirnenses e a Policarpo;
A Epístola de Policarpo
A Epístola de Barnabé

Atos
Atos de Paulo;
Atos de Pedro;
Atos de João;
Atos de André;
Atos de Tomé.

Apocalipses
Apocalipse de Pedro;
Pastor de Hermas;
Apocalipse de Paulo;
Apocalipse de Tomé;
Apocalipse de Estêvão

Porque os protestantes não aceitam os livros que consideram apócrifos:

Várias são as razões apontadas por eles.

Tais livros nunca foram reconhecidos pelos judeus e esse fato é fundamental, considerando a doutrina de Romanos 3:2. Os Judeus perceberam que a inspiração profética terminara com Esdras. Esta é a conclusão a que chegamos através das palavras de Flávio Josefo: «Desde Artaxerxes até os nossos dias, escreveram-se vários livros; mas não os consideramos dignos de confiança idêntica aos livros que os precederam, porque se interrompeu a sucessão dos profetas. Esta é a prova do respeito que temos pelas nossas Escrituras. Ainda que um grande intervalo nos separe do tempo em que elas foram encerradas, ninguém se atreveu a juntar-lhes ou tirar-lhes uma única sílaba; desde o dia de seu nascimento, todos os judeus são compelidos, como por instinto, a considerar as Escrituras como o próprio ensinamento de Deus, e a ser-lhes fiéis, e, se tal for necessário, dar alegremente a sua vida por elas» (Discurso Contra Ápion, capítulo primeiro, oitavo parágrafo).

O maior problema em considerá-los dignos de confiança é porque, segundo judeus e protestantes, há muitos ensinos falsos, em contradição com os livros considerados canônicos.

Exemplos:
Justificação pelas obras
Em Eclesiástico 3:33 e Tobias 4:7-11 defende-se a justificação (salvação) pelas obras, o que é negado por Efésios 2:8,9.
Em Tobias 12:8,9 ensina-se que as ofertas caridosas podem expiar o pecado, mas lemos em I Pedro 1:18,19 que não é com coisas corruptíveis, como prata ou ouro que somos salvos, mas pelo precioso sangue de Cristo.

Mediação dos santos
Em Tobias 12:12 narra-se a mediação dos santos, doutrina que é completamente repudiada na Bíblia. Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo Homem (I Timóteo 2:5). Ele disse: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim" (S.João 14:6).

Oração pelos mortos
Em II Macabeus 12:44-46 doutrina-se a oração pelos mortos, o que a Bíblia não admite (cfr. Hebreus 9:27 e S.João 3:18,36).

Superstições e feitiçarias
Em Tobias 6:5-8 promove-se o ensino da arte mágica. Porém, coração de um peixe não possui poder mágico e sobrenatural para espantar "toda a espécie de demônios". Satanás não pode ser expulso por algum truque (cfr. Marcos 16:17 e Atos 16:18)

Pedido de desculpas
Em II Macabeus 15:38,39, o autor do livro pede desculpas, algo que é completamente inaceitável perante o texto bíblico inspirado por Deus (cfr. II Pedro 1:20,21)!

Ensino do Purgatório
A Religião Católica baseia a sua crença no purgatório, particularmente devido ao livro de Sabedoria 3:1-4. Porém, esse ensino aniquila completamente a expiação feita pelo Senhor Jesus. Se o pecado pudesse ser extinguido pelo fogo do purgatório, não tínhamos necessidade de Cristo, nem Ele tinha tido a necessidade de morrer na Cruz do Calvário (I João 1:7).

Relatos impossíveis.
Os apócrifos do Novo Testamento não constituem nenhum problema, porque são rejeitados por todas as igrejas cristãs, face à fragilidade desses escritos. Basta citar o exemplo do "Evangelho" de São Tomás: «Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: não continuarás tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a José; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrível cegueira». Este relato, que não se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, é suficiente para provar que este evangelho é espúrio.

4.3. O Senhor Jesus citou, por diversas vezes, as Escrituras do Antigo Testamento, porém, nunca citou qualquer texto dos chamados livros apócrifos. Vejamos alguns exemplos das citações que Jesus fez no Velho Testamento. Cfr., as seguintes citações do Antigo Testamento, constantes em Lucas 24:27 e 44; Mateus 4:4; Mateus 4:7; Mateus 4:10; Mateus 19:4-5; Lucas 17:26-29; Mateus 12:40; Marcos 12:36 e João 5:46-47.


Como surgiu a designação de "Bíblia" ?

Em nenhum lado da Bíblia consta que a mesma assim se deva intitular. Porque a palavra "Bíblia" significa "livro" ou "livros", passou a ser utilizada para designar o conjunto dos livros que constituem as Sagradas Escrituras.


Além disso, a uma folha de papiro os gregos chamavam "biblos" e a um rolo pequeno de papiro chamavam "biblon", cujo plural é "bíblia".

Todavia, já na época do Senhor Jesus Cristo, a Bíblia distinguia-se dos demais livros, designando-se por Escrituras (Mateus 21:42), Santas Escrituras (Romanos 01:02), Livro do Senhor (Isaías 34:16) e Palavra de Deus (Marcos 07:13 e Hebreus 04:12).

Divisões entre os livros do AT e do NT

Antigo Testamento (39 livros no total) – divide-se em cinco categorias de livros:

1. Pentateuco ou Lei (também chamados de TORAH, Livro da Lei, ou Livro de Moisés)

São os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis; Êxodo; Levítico; Números; e Deuteronômio.

2. Históricos

Existem registros históricos nos livros do Pentateuco, porém este grupo de livros recebeu esta designação específica pelo seu conteúdo da história de Israel. Os livros históricos são estes: Josué; Juízes; Rute; 1 e 2 Samuel; 1 e 2 Reis; 1 e 2 Crônicas; Esdras; Neemias; e Ester.

3. Poéticos e Sapienciais

Novamente, o gênero literário da poesia está presente em diversos outros livros do AT. Boa parte das profecias, por exemplo, foram escritas em forma poética. Entretanto, estes livros recebem esta designação especial em virtude de serem, em sua totalidade, compostos de poesia hebraica. Os livros poéticos são estes: Jó; Salmos; Provérbios; Eclesiastes; e Cântico dos Cânticos (também chamado Cantares de Salomão).

4. Profetas Maiores

O termo “maiores” não enfatiza apenas a importância destes livros no que diz respeito à sua mensagem, mas também indica o tamanho dos livros. Entretanto, não existe qualquer depreciação em relação aos “profetas menores”, pois a mensagem destes também é fundamentalmente importante. Os livros proféticos maiores são estes: Isaías; Jeremias; Lamentações de Jeremias; Ezequiel; e Daniel.

5. Profetas Menores

São 12 os Livros Proféticos Menores: Oséias; Joel; Amós; Obadias; Jonas; Miquéias; Naum; Habacuque; Sofonias; Ageu; Zacarias; e Malaquias.


Novo Testamento (27 livros no total) – divide-se em cinco categorias de livros:

1. Evangelhos ou Biografia

Os Evangelhos relatam a vida e o ministério de Jesus Cristo, tendo Ele como ponto central. É em torno de Jesus que os evangelhos foram elaborados, e é a partir Dele que ganham sentido. Os evangelhos são: Mateus; Marcos; Lucas; e João. Os três primeiros (Mateus, Marcos e Lucas) são chamados de evangelhos sinóticos.

2. Histórico

O livro histórico do Novo Testamento registra o avanço da Igreja cristã em seus primeiros anos. Trata-se do Livro de Atos dos Apóstolos, escrito pelo evangelista Lucas.

3. Cartas ou Epístolas Paulinas

O apóstolo Paulo escreveu a maior parte das cartas do Novo Testamento: das 21 cartas, ele escreveu 13, destinadas a igrejas e pessoas específicas. As Cartas Paulinas são estas: Romanos; 1 e 2 Coríntios; Gálatas; Efésios; Filipenses; Colossenses; 1 e 2 Tessalonicenses; 1 e 2 Timóteo; Tito; e Filemon.

4. Cartas ou Epístolas Gerais ou Universais

Estas cartas foram escritas por outros apóstolos e dirigidas a determinadas igrejas. As Cartas Gerais são estas: Hebreus; Tiago; 1 e 2 Pedro; 1, 2 e 3 João; e Judas.

5. Revelação (também chamado Apocalipse)

Apocalipse quer dizer “tirar o véu”, desvendar. É um livro com uma linguagem bem elaborada, repleta de símbolos e, por vezes, de difícil compreensão. Trata-se do Livro do Apocalipse, escrito por João.

Vejamos, agora, cada um dos livros bíblicos com maiores detalhes. Queremos encorajar você, leitor, a comprovar em sua própria Bíblia cada uma das passagens e afirmações que fizermos nesse estudo. Também é preciso destacar aqui que o que se segue é apenas um resumo sobre cada livro bíblico, e não um estudo exaustivo de seus temas. A intenção é dar-lhe um panorama geral sobre os assuntos existentes na Bíblia. Iniciemos, então, pelos cinco primeiros livros do AT:

Os Livros do Antigo Testamento (Breve síntese)

O Antigo Testamento cobre o período entre a Criação (registrada no livro de Gênesis) e a volta do povo de Judá à sua terra, após o decreto de Ciro, rei da Pérsia (aproximadamente 400 anos antes de Cristo). Contém diversos estilos literários distintos que vão desde narrativas históricas, até poesia e música. O tema central do AT é a Pessoa de Deus e sua relação com a história humana, e, mais especificamente, com a história de Israel.

Gênesis: O livro do Gênesis é o livro das origens (origem do Universo, da humanidade, do pecado). Divide-se em três grandes blocos: o primeiro relata a criação propriamente dita até o pecado do homem (Gn 1.1 – 2.25; o segundo bloco narra a história humana após o pecado no Éden até o chamamento de Abraão (Gn 3.1 – 11.32); já o terceiro bloco apresenta a história dos Patriarcas, de Abraão até Jacó, relatando também a chegada do povo hebreu no Egito, graças a José, filho de Jacó (Gn 12.1 – 50.26).

Dois temas importantes do Livro de Gênesis merecem ser destacados. Em primeiro lugar, o pecado do homem e suas conseqüências. Em Gn 3.14-19, estas conseqüências são registradas: a harmonia entre o Homem e seus semelhantes, entre o Homem e a criação, e entre o Homem e sua própria consciência foi afetada pelo pecado. O segundo tema importante é a promessa de redenção que Deus realiza em favor da humanidade. Esta promessa está presente em praticamente todo o livro de Gênesis (veja os textos Gn 3.15; Gn 12.1-3; Gn 22.1-18; etc).

Êxodo: O Livro do Êxodo narra a presença do povo hebreu no Egito após a morte de José, e a história deste povo até a construção do tabernáculo. O povo, agora escravo no Egito, é liberto por Deus através de Moisés. Esta libertação é a marca distintiva da ação de Deus na história humana: Deus é um Deus libertador! A opressão e o sofrimento do povo é ouvido por Deus que desce a fim de libertá-los (Êx 3.7-9). A chave do livro, portanto, é a redenção. Mais que isso, contudo, o Êxodo não narra apenas a libertação de alguma coisa, mas narra também a libertação para alguma coisa: o povo é liberto para ser povo de Deus, para oferecer sacrifícios agradáveis ao Senhor (Êx 3.18).

Outro tema presente em Êxodo é o da formação da liturgia e da religião judaica. A Lei de Moisés (os 10 Mandamentos e diversos outros conjuntos de leis) constrói um esboço para a formação de um povo peculiar, chamado por Deus de Seu Povo, povo santo (separado). Assim, o Êxodo narra detalhadamente os aspectos legais, religiosos, cúlticos, culturais, econômicos etc do povo recém-libertado do Egito.

Um detalhe importante é o nome de Deus dito a Moisés. Em Êx 3.14, lemos “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros”. Este nome que Deus dá a si mesmo é chamado pelo povo judeu de SAGRADO TETRAGRAMA, isto é, a reunião das consoantes que formam este nome: YHWH. Nenhum judeu ousava pronunciar este nome pois isto significava blasfêmia que devia ser punida com a morte. É por isso que quando Jesus pronuncia este nome (ver Evangelho de João, capítulo 8, versos 57-58), os judeus pegaram em pedras para o apedrejar. É por isso também que Jesus é condenado: não pelas coisas que fazia, mas sim pelo que Ele dizia acerca de si mesmo (Veja João 10.30-33).

Levítico: O livro do Levítico é chamado o Livro da Expiação. Seu nome deriva do nome da tribo de Levi. Suas palavras-chave são “acesso” e “santidade”. A palavra “santo” aparece mais de oitenta vezes no livro, pois seu tema central é: “Como pode um pecador aproximar-se de um Deus santo?”. De acordo com o livro, um Deus santo requer um povo purificado; esta purificação é por meio de derramamento de sangue. Neste livro, estão registrados também os regulamentos e observações que dizem respeito ao sacerdócio levítico.

Números: É o livro das peregrinações do povo de Deus. O título do livro vem dos dois recenseamentos que estão nele registrados: o primeiro, quando Israel chegou no Sinai (no segundo ano da saída do Egito), e o segundo, na beira do Jordão, após os 40 anos de peregrinação no deserto.

Deuteronômio: Seu nome é derivado de duas palavras gregas: deuteros (que quer dizer “segunda”), e nomos (que quer dizer “lei”). Seu tema principal é a repetição das leis proclamadas no Sinal, mesclada com a lembrança das experiências da geração passada. A expressão-chave é “lembra-te de obedecer”. Associa-se a esta palavra, o pensamento seguinte: “Lembra-te de obedecer aos decretos do Senhor teu Deus para que bênçãos venham sobre ti” (ver Dt 28.1-68). No livro, estão os últimos discursos de Moisés enquanto líder do povo. Muito provavelmente, estes discursos finais foram proferidos durante os dois meses que Israel passou acampado nas planícies de Moabe, no ano de 1451 AC.